A região de Irecê, um dos polos agrícolas mais importantes da Bahia, enfrenta uma das piores secas dos últimos anos. A estiagem prolongada tem afetado profundamente a produção rural, comprometendo desde o pequeno agricultor sequeiro até os produtores irrigantes. A situação é crítica: lavouras perdidas, criações dizimadas, famílias sem perspectiva e uma economia local em colapso.
Apesar da gravidade, até o momento nem o governo federal nem o estadual apresentaram soluções concretas e estruturantes para minimizar os impactos dessa tragédia climática. As poucas ações anunciadas se restringem a paliativos como distribuição de cestas básicas e envio de carros-pipa — medidas emergenciais que, embora importantes, não resolvem o problema de fundo.
Os agricultores sequeiros, que dependem exclusivamente das chuvas, estão entre os mais afetados. Muitos plantaram até três vezes neste ano, apostando na retomada das chuvas — mas em todas as tentativas, a estiagem frustrou o desenvolvimento das lavouras. Já os irrigantes, que investiram em sistemas de irrigação e crédito rural, enfrentam outro drama: poços e reservatórios estão secando, impossibilitando a continuidade das atividades. Sem água, até quem tinha estrutura está parando.
Impacto Econômico e Social
O colapso da produção agrícola tem reflexos em toda a cadeia econômica: comerciantes, transportadores, trabalhadores rurais e feirantes relatam queda brusca nas vendas e aumento do desemprego. A insegurança alimentar cresce, e muitas famílias relatam dificuldades para garantir o básico.
Especialistas apontam que a região necessita de investimentos urgentes em políticas públicas de convivência com o semiárido, como recuperação de barragens, acesso facilitado a crédito emergencial, subsídios para alimentação animal e água para irrigação, além de assistência técnica rural especializada.
Ausência de Respostas à Altura
Apesar dos inúmeros apelos de produtores, sindicatos e prefeituras, as respostas dos governos têm sido lentas e insuficientes frente à gravidade da situação. Até agora, não houve anúncio de um plano emergencial específico para a região, o que aumenta a sensação de abandono entre os moradores do sertão.
"A seca não é novidade no semiárido, mas a falta de preparo e resposta governamental é que torna o problema insustentável", afirma a agrônoma Luciana Andrade.
O que o povo quer é solução
A população não quer depender de esmolas ou ações temporárias. Quer infraestrutura, crédito, apoio técnico e respeito. Quer produzir, gerar renda, alimentar o país. A seca castiga, mas a falta de ação fere ainda mais.
Enquanto isso, em Irecê e região, o céu segue limpo, o solo esturricado, os poços secando, e a esperança resistindo — como sempre — à espera de ação.
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